sábado, 27 de novembro de 2010

E então eu conheci esse rapaz em um chat.Nunca fui muito fã de chats. Namoros virtuais então... melhor nem comentar, todos deram errado. Mas dessa vez a afinidade não era a longa a distância. Ele morava aqui, na mesma cidade que eu. Era um domingo - e eu deveria saber que daria tudo errado, era um domingo - e eu estava um pouco entediado - o que é normal -, foi aí que eu liguei o computador e pronto, estava em uma sala com mais de vinte pessoas desconhecidas, atrás de conhecer alguém que... preenchesse qualquer vazio, lacuna, ou seja lá o que estava/está faltando em mim. Foi totalmente perfeito. Nossa conversa sincronizava, era como se conversássemos pessoalmente, como se fosse possível ouví-lo, mesmo de tão longe, mesmo tão... superficial, embora estivesse mais intenso que qualquer outra coisa real. Por um momento temi, afinal, já estavámos ali nos expondo, e eu nem tinha visto o rosto dele, e nem ele o meu. Apenas medidas, imaginação e pronto, lá estava ele na minha cabeça. No mesmo dia, ele me ligou - como prometera - a noite e disse que passaria na minha casa para nos conhecermos pessoalmente. E veio. Ele dentro do carro, e eu fora na calçada de casa. Ele me disse que eu não era gordo como havia dito, e eu aleguei modéstia da parte dele quando disse que não era bonito. Sim, ele era um partidão. Faculdade, trabalho. Minha mãe ficaria impressionada se tivesse conhecido ele. Alguns minutos depois ele disse estar com pressa, tinha que ir buscar uns amigos e só passou mesmo para... me ver. "Eu te ligo mais tarde, pode ser?" Pareceu sincero, e eu respondi que poderia, que eu ficaria feliz se ele me ligasse. Ele apenas sorriu, deu meia volta e foi embora. E não ligou. Passaram-se três dias. E eu imaginei que ele havia viajado, que ele havia tido problemas em me ligar, que meu número tinha sido apagado acidentalmente, e então... fiz o que não deveria ter feito, ou melhor, fiz a única coisa que eu poderia ter feito, se quisesse realmente chegar a algo concreto: afinal, o que aconteceu depois daquele dia? E liguei no celular dele. Acho que da primeira vez eu liguei errado, estava tão nervoso e nem sabia direito ainda o que iria dizer. Caiu na caixa postal. Meia hora depois eu liguei de novo, e ele atendeu.

- É o Diego?
- Sim.
- Oi, tudo bem? Lembra de mim?
- Quem?
- Lucas. Daquele dia... você foi lá em casa...
- Não, não me lembro de nenhum Lucas. Tem certeza que ligou no número certo?
- Você disse que ia me ligar... nos conhecemos na internet... domingo...
- Ahhhhh sim.
- Lembrou?
- Eu estou terminando um trabalho enorme da faculdade e preciso entregá-lo hoje, assim que acabar eu te ligo.

Trabalho... ele estava de férias da faculdade há um mês. Eu não soube o que fazer com aquilo no dia, aliás, nem sei como vim digerindo isso por esse tempo todo. É tão simples você dizer que não vai ligar. Por que alimentar a esperança de outra pessoa em vão? Eu já me achava tão esperto, tão experiente nessa área... e de todas as possibilidades, nem havia passado pela minha cabeça que eu não tinha o agradado fisicamente. O que a gente tinha em comum, acabou assim que ele estacionou o carro, na porta da minha casa, e abriu o vidro do carro. Me senti a pior pessoa do mundo nesse dia, e me sinto toda vez que me lembro dele parado - eu totalmente acreditando que seria daquela vez - na frente da minha casa, com um sorriso estampado no rosto dizendo que me ligaria mais tarde.

Um comentário:

Três Egos disse...

Aff, que cara ridículo. Odeio quando isso acontece. Alimentar esperanças de alguém é a pior coisa que existe. Ignorá-lo então, fingir que não lembra, dizer que está ocupado é o ápice. Espero boa sorte para vc nos próximos encontros e eu tb não sou mto fã de chats. O melhor mesmo é sair por aí e conhecer pessoas olho no olho.

Quanto à faculdade, força aí rapaz! Não sei se aguentaria fazer uma coisa que meus pais gostariam, mas eu não. Por isso, acho que vc deve ter muita força.

Beijo!