domingo, 29 de agosto de 2010

amor é sentimento comercial.

amor é igual uma marca de roupas. amor foi criação da cabeça de alguém. ele se propagou, até que todos acreditassem que ele vinha de dentro. que ele era um sentimento, e na verdade, o amor não é nada. é apenas uma afeição qualquer por outra pessoa, por alguma coisa, um animal, ou memória. amor é a necessidade com outro nome. necessitamos de outra pessoa, e isso não é amor. vê aquele casal? então, aquilo não é amor. aqueles beijos são pura ficção. tudo acaba em sexo, e começa com um café-da-manhã na cama, café de mentira, rosquinhas de mentira, tudo feito de mentiras. pura necessidade física. é um perca de tempo ficar pensando em um sentimento que nem sequer existe. talvez tenha sido provado por alguma francesa no século XV, ou algum rapaz pobre da época de Galvez. Não meu amor, o amor não existe. É usado como forma de atração, para chamar atenção, para fazer vender filmes, livros de auto-ajuda. Amor é pura comercialização disfarçada de feeling.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

o dia em que entrei em contato com as drogas, assaltantes e tive meu celular roubado.

O tédio reinava naquela noite. Haviam três convites para sair, e isso era bastante raro. Geralmente eu catava convites para sair, ou melhor, importunava meus amigos para saírem de casa comigo. A missão falhava, porque eles sempre tinham algo melhor em mente para fazer com seus parceiros, e eu, sozinho, tinha que me virar. Resolvi aceitar um convite, em especial, de alguém que não era muito meu amigo. Neste relato, o chamaremos de Diego. Não sei bem o motivo de ter escolhido o convite dele, acho que, por ser uma das melhores festas que iria acontecer, e também por eu não conhecer ninguém que estaria nessa festa. Festa temática, até aí nada demais. Ele me disse que seria algo inesquecível. Eu imaginei qualquer coisa, menos pessoas loucas se jogando na piscina, e rindo dos seus celulares molhados e destruídos pelo líquido blue-ice brilhante (esse era o nome que eles davam para "água"). Chegando lá, fui apresentado para as tais pessoas interessantíssimas, com suas roupas da moda, e cabelos brilhantes de cera à base de manga. Não larguei meu celular um só instante, a qualquer momento suspeito, ligaria para algum amigo e pediria para me salvar, ou ir lá enfrentar toda aquela sujeira comigo. Para minha surpresa, passou da meia noite e a festa pareceu normal. O Diego me apresentou para um rapaz muito interessante. Um quase psicólogo que gostava de bandas desconhecidas, e odiava sair de casa aos domingos, bem parecido comigo. Fomos para um local, onde o barulho não interrompesse a nossa conversa, que ia muito bem, obrigado. Meu celular tocou em uma determinada parte da conversa, e eu fingi que não era o meu. Ele perguntou se eu não iria atender, e vendo que o diálogo já havia sido desfocado, resolvi atender. Dois minutos para dizer à minha mãe que voltaria para casa antes do almoço, e mais um minuto para prometer que isso iria mesmo acontecer. Percebi que ele ficou de olho no meu celular, enquanto eu conversava com a minha mãe, embora meu celular não fosse lá essas coisas de chique, ou moderno, ou mais interessante que ele. De repente, a música parou lá do de fora da sala. Eu fui abrir a porta para ver o que tinha acontecido, e ela estava trancada. Eu me mantive em equilíbrio, até que ele disse para eu - gentilmente - dar meu celular pra ele. Antes que eu perguntasse se deveria, ele me mostrou uma arma. Bem, não sei diferenciar um arma de brinquedo, de uma arma de verdade. E mesmo que fosse de brinquedo, um estalo e eu morreria de ataque cardíaco, essa é a realidade dos fatos. Sem pensar uma vez que fosse, retirei meu celular e entreguei para o bonitão assaltante. Confiar em pessoas bonitas não é mais meu forte. Dias depois fiquei sabendo que ele queria meu celular para vender, e morreu antes que conseguisse fazer isso. Ok, a segunda informação não é verídica, foi só uma desejo do meu sub-consciente. Ele abriu a porta e eu fui correndo para a saída da casa, até que cheguei no salão e vi todas as pessoas da festa se esfregando. Parecia uma enorme suruba comunitária, ou qualquer merda parecida. Uma delas, chegou bem perto de mim e me ofereceu algo que tinha um nome bastante estranho, e disse que me deixaria no mundo das nuvens. Se aquele era o mundo das nuvens, eu não quero nunca mais chegar perto de um algodão doce inofensivo. (OBS: Associo nuvem à algodão doce) Eu fingi que aceitei, e depois guardei no bolso da minha calça. Aproveitei toda aquela loucura, pessoas se jogando na piscina e rindo das garrafas de bebida vazias, para ligar pro Vítor. Depois de explicar toda a situação, e a droga de festa (literalmente) na qual havia me metido, ele apareceu lá para me salvar. Sim, ele foi me salvar, quem estaria disposto a enfrentar toda aquela merda? Isso não era um trabalho pra gente, e sim para a polícia. Alguns metros da festa, parei em um orelhão e fiz a denúncia. A polícia chegou lá rapidamente, todas as pessoas foram presas, e a droga foi apreendida. Não. Bem-vindo ao Brasil. A polícia demorou, quando chegou lá, de alguma forma muito "MISTERIOSA" não constataram nada de ilícito, e não acharam droga em lugar algum. É, pelo menos eu não estava lá para participar dessa comunhão de pecadores insanos. O mais legal de tudo, foi que alguns dias depois, minha mãe encontrou o tal produto alucinógeno no bolso da minha calça, e eu demorei muitos meses até conseguir provar, de fato, que aquilo não tinha nada a ver comigo. Mas isso eu conto em uma próxima oportunidade.

sábado, 21 de agosto de 2010

namoros virtuais e a minha decisão de sumir.

Eu acredito em namoros virtuais, mas não acredito que eles durem muito. Uma hora você cansa de não tocar, e é isso. Não dá de manter um relacionamento sem o toque, sem a aproximação, sem os beijos, os carinhos, e as palavras ao pé do ouvido. As conversas pelo celular, webcam, não suprem as necessidades importantes de um relacionamento a dois. Quando ainda há a chance de viajar e ir ver a pessoa, até que pode dar certo. Se eu for basear minha vida amorosa em namoros virtuais, até que eu não me sairia tão mal. Mas, todos eles terminaram no mesmo lugar -- fim --- Na maioria das vezes, eu cansava daquela coisa rotineira. Webcam, skype, msn, e blábláblá. Pura besteira, falta de tempo. E o que fazia eu me apaixonar por pessoas que moravam do outro lado do país? A carência extrema. Devido meu grande poder de socialização (perceba a ironia) eu possuo muitos amigos, e a facilidade para encontrar alguém é enorme, cof cof cof. Daí acabo me sentindo só, e procuro algo bem mais fácil. Ou seja... um namoro (fail) virtual. Bem, essas coisas não funcionam, e se deu certo com você, bem vindo ao mundo das exceções.

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Eu sempre tenho essas "loucuras" e vontades estranhas de querer sumir da vida dos meus amigos queridos. Desligo meu celular, invento que estou doente, às vezes, até publico uma notícia minha na internet que morri, ou que estou em coma e não poderei falar com ninguém por uns trinta dias. Até que eu canso de escrever, e ligo meu celular de novo, e mesmo não tendo nenhuma mensagem ou chamada não atendida, eu procuro os meus amigos. Fraquinho. Geralmente é repentino e passa logo, mas estou me convencendo de que preciso de um tempinho longe de todo mundo. Estou com a cabeça voando, as idéias submersas, os sentimentos meio confusos, uma depressão latente, filha da puta. Não consigo sentir a felicidade dos que me rodeiam, embora eu esteja realmente feliz por todos eles. Esse signo fudido acaba com a minha vidinha. Todo esse sentimentalismo à moda antiga, a idealização de um amor que nunca chega, é muita merda de pombo na cabeça de uma pessoa só. No search me, estarei escondido no meu quarto por tempo indeterminado.

horóscopo e o mês de agosto.

ler meu horóscopo é pior do que colocar aquela música lenta em dia de domingo. segundo ele, eu estaria em um relacionamento cheio de idas e vindas. obs: eu nem estou em relação alguma. eu deveria ter tido uma paixão repentina, ou me iludido, ou qualquer uma das opções anteriores. horóscopo é uma falha total. combina com algumas pessoas, e "descombina" totalmente comigo. em relação a personalidade, eu tenho que discordar, ele fala exatamente como eu sou, e eu odeio ter que concordar que sou sentimental, gosto daqueles filmes água com açúcar, tenho uma imaginação fértil e uma vontade de sair relatando em letras tortas tudo que eu sinto e vejo. em relação ao meu eu, joga no google "personalidade de um canceriano" e pronto, é mais ou menos assim que eu sou.

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desgosto é a palavra que define esse mês maldito. se bem que, desde janeiro eu venho vivendo um mês de agosto, que não terminam nunca. não que eu viva de tragédias, mas é que as fantasias sumiram. os meses estão passando e eu não vivi nada de muito interessante. eu sei, eu tive o meu segundo namoro após três anos sem nada fixo, só uns "pegas", "namoricos sem fundamento". mas, um mês significa o que mesmo? certo, eu aprendi algumas coisas, mas... ainda sinto como se tivesse desde o ano de 2007 sem namorar ninguém. agosto definitivamente não vai ser um mês bacana pra mim. deveria existir um mês chamado "hope", ou "hapiness", ou "found me", ou qualquer uma das opções anteriores. tô cansado de viver com o corpo em chamas.

sábado, 7 de agosto de 2010

movies, company

então é isso. meus melhores amigos vão sair para namorar, flertar, transar, quebrarem a cara, se embriagar, descer do salto, bater boca, causar inveja, segurar um destilado na mão direta, o cigarro na mão esquerda. vão andar com pessoas de caráter duvidoso, falar mal de uns e outros, rir de bobagens, tomar café, deixar o coração falar mais alto, gritar com a razão, dirigir com apenas uma mão, a outra no celular, discando discando discando discando discando para um celular que não atende nunca, que só cai na caixa postal. eu vou pegar algum filme na locadora, bem vindo ao meu mundo anos 90, sem DVD, amores mal resolvidos, flertes e choros ao vivo. eles são tão fiéis à mim. sim, os filmes. me mostram o que eu quero ver, geralmente o que eu quero ter, e não tenho. ou não conquistei ainda, vai saber. enquanto meus amigos dançam, eu fico deitado no meu colchonete. uma, duas, três, quatro garrafas de vodka. um, dois, três, quatro copos de capuccino com bolacha. troquei os beijos embalados pelas luminárias loucas da pista de dança, por beijos apaixonados na chuva preto e branco na tela da tv. preto e branco não, colorido mesmo. estão aqui batendo na porta, chegou minha torta de maracujá. sabor preferido, depois de castanha com morango claro. calorias, filmes, bolos. fiéis companheiros de noites depressivas.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

not like the movies

- Não é como nos filmes.
- Como assim?
- Não é, simplesmente. Já conheceu algum príncipe encantado? Dançou embaixo de uma cerejeira?
- Não.
- Então, vida real é bem diferente dos filmes.
- E não tem possibilidade de nada daquilo acontecer?
- Claro que não. Filmes de romance são tão fictícios quanto os de aliens, por exemplo.
- Aliens também não existem?
- Não. Você já viu algum, por acaso?
- Bem... uma vez eu estava atravessando a rua e...
- Mentira. Eu estava com você, aquilo não era um alien, era um gato.
- Sério? Eu jurava que ele tinha sete pernas. Não era um gato.
- Você está mudando o rumo da conversa, pra variar.
- Como assim "pra variar"? Eu sempre mudo o rumo das nossas conversas?
- Não foi isso que eu quis dizer.
- Então, o que foi?
- Eu quis dizer que você não me dá atenção.
- Não?
- Não. Eu estava falando de romances, cerejeiras, você começou a distorcer tudo.
- Você que veio com a história de aliens, eu só comentei que havia visto um.
- Mas aquilo não era um alien, acorda.
- É possível ou não?
- Já disse que não.
- Então, por que esses filmes sobre aliens?
- Você está falando de aliens ainda? Eu me referia a romances de filmes.
- Ah, desculpa.
- Depois você fala que não distorce o que eu digo.
- É possível?
- Aliens?
- Não, eu encontrar algum príncipe encantado, dançar embaixo de uma cerejeira, beijar na chuva, correr na grama verdinha verdinha.
- Se houver uma trilha sonora... quem sabe.
- Trilha sonora?
- Mas primeiro, você precisa achar essa pessoa. E pode ter certeza que não é tão fácil quanto nos filmes.
- Por que?
- Porque ela não vai estar ali na próxima cafeteria te esperando. Você não vai se esbarrar com ela no corredor da faculdade. Ela não vai ser aquele seu professor que te olha diferente. A pessoa certa sempre está fora de alcance.
- Então, é melhor eu desistir. Parece muito difícil encontrá-la.
- Não diria que é difícil achá-la, o difícil é ela olhar da mesma forma pra você.
- Como assim?
- Você vai se apaixonar por pessoas impossíveis.
- Impossíveis? Você está me confundindo.
- Alguém que te quer como amigo, alguém que já gosta de outra pessoa, alguém que vai te querer por alguns dias, e só.
- Ou seja...
- Você vai sofrer muito. É isso.
- E depois de sofrer muito? Eu encontro a pessoa certa?
- Talvez.
- É possível que eu morra sem amar, nem uma vez?
- Claro.
- E você fala assim, sem demonstrar nenhum tipo de tristeza?
- Estou acostumado com a vida.
- Bem, eu não quero ser você quando crescer então.
- Você já está bem crescidinho e ainda não encontrou a pessoa certa. Lamento, estamos no mesmo barco.
- Se estamos no mesmo barco, por que não nos envolvemos?
- Porque não é como nos filmes.
- Esquece essa de "não é como nos filmes". Olha o caminho que a gente percorreu, isso não daria uma história de amor?
- Falta chover, a cerejeira, a música.
- Só um minuto. Fica sentado aí que eu providencio.
- Pronto.
- E então, cadê?
- Você não ouve?
- Não. Tem certeza que está tocando alguma coisa?
- Aqui, segura a minha mão direita. Ouve?
- Agora sim. Que música é essa?
- A nossa, não lembra?
- Na verdade não, nunca ouvi ela antes.
- Eu lembro da letra todinha, você é meio esquecido mesmo.
- Bobo!
- Você!
- Isso está meio romântico.
- E isso é ruim?
- Não. É que nunca senti nada parecido antes.
- Continua achando que não pode ser como nos filmes?
- Huuuuum....
- Ainda pensa?
- Estou brincando. Acho que estou mudando minha forma de pensar.
- Viu? Não tem cerejeira, nem chuva. Mas tem nossa música.
- É tão bonita, quem canta?
- Você.
pé esquerdo, dor de estômago, queda. sabe aqueles dias em que prédios podem cair, que você não vai piscar, ou ficar espantado? Pois é. A cama teve o trabalho de me jogar para fora dela, assim que o barulho do despertador maldito soou. Não tinha nem dois, nem cinco minutinhos. Para completar, a água do chuveiro descia em flocos de neve, de tão gelada. O sono foi embora pela ralo, podia ter levado esses sentimentos ruins juntos, não? Deve custar caro, e eu ando sem dinheiro. Quanto custa empurrar a tristeza ladeira à baixo? Não sei que remédio tomar, porque não sei a origem da doença. O efeito hapiness que injeto na veia por meio de amigos, happy hours e coisas do gênero, duram pouco. Às vezes horas, raramente um dia inteiro. Tentar explicar? Pedir ajuda? Acho perca de tempo. Cadê a merda de um estrela cadente, quando se precisa de um pedido desesperadamente?

terça-feira, 3 de agosto de 2010

isa, gritou ele

engraçado seria, mas ela perdeu as duas pernas brincando de esconde-esconde. foi procurar um local escuro, longe da luz, e caiu em sono profundo. acordou cinco dias depois, respirando com dificuldade, em uma sala branquinha branquinha. só mexia os olhos. pequenos olhos negros, sem saber o que acontecia, sem saber o motivo de estar ali, deitada, imóvel. bem, ela ainda nem sabia que sairia de lá imóvel. foi sua mãe quem deu a notícia a ela. Mas que merda, hein? ela, uma esportista. fazia aulas de dança, gostava de correr no parque, brincar de esconde-esconde. agora, vai viver de costurar suas bonecas, de comer bolachas de chocolate, e suco de maçã no final da tarde. logo ela, uma menina cheia de sonhos, uma vontade de viver incrível. não demorou muito, até que chegasse a adolescência e entrasse em depressão. suas amigas, viviam saindo para baladas, e sempre se desculpavam quando falavam: Isabella, você vem com a gente? Não demorava dois segundos, até as meninas saírem correndo de tanta vergonha. Isabella aceitaria ir, se as meninas não corressem, mas elas nunca ficavam para ouvir a resposta. Nunca teve um namorado, vivia de amores virtuais. Aliás, no virtual ela podia correr, voar, planar, nadar, sem qualquer dificuldade. Podia namorar, também. Quem sabe, até casar. Mas, ela sentia falta de algo verdadeiro. Cansa viver de tecnologia, clica aqui, ali, digita aculá. Que entediante. E mais um vestido de boneca era feito, rasgado, refeito. Um dois três amigos imaginários. Uma coisa a mantinha viva: seus livros e seu capuccino. Sempre sempre, ela seguia até o final da rua, virava a esquerda, e pronto. Estava de frente com a Kolecoffee. E tomava café, e lia, e tomava café, e devorava mais uma página de qualquer romance barato. O fato de pessoas serem felizes no imaginário, alimentava as esperanças de Isabella encontrar alguém na vida real. Um dia desses, lendo e tomando seu capuccino, um rapaz adentrou a cafeteria. Todo bonitinho. Tinha um óculos, que o deixava bastante intelectual, embora ela não sabia se o mesmo sabia definir estratosfera, ou falar pneumultramicroscopicosilicovulcanoconiótico sem respirar. Ela colocou seus óculos escuros, parecia se esconder. Havia muitas pessoas aquele dia, e não havia lugares vazios. Renner, acabou se sentando na mesma mesa que Isabella. Ela tremia, tadinha. Ela não sabia se lia, se corria, digo, se ia embora, ou se ensaiava um "oi, tudo bem?". Então, nada fez. Ele a convidou para brincar de esconde-esconde na casa dele. Isa rapidamente aceitou. vou contar até dez, disse o rapaz. dez segundos depois, um barulho e tudo desmoronou. isa, isa, isa - gritava ele. por que você aceitou brincar comigo? - ele se perguntava, enquanto desferia socos no corpo pálido e imóvel.

você tem horas?

Perguntar se eu tinha horas, foi só uma desculpinha qualquer pra trocar duas palavras comigo. O sorriso dizendo obrigado, entregou tudo. Tenho quase certeza que ele estava afim de ficar ali falando comigo, a tarde inteira. Mas, deveria ter algum compromisso muito importante. Levar a mãe no médico, a irmã no ginecologista, o cachorro para passear. Qualquer coisa parecida. Ele não se importou muito em ir sem perguntar meu nome, afinal, frequentamos o mesmo lugar, quase no mesmo horário. Vai ser difícil ficarmos tanto tempo sem nos vermos. Assim espero. Na outra oportunidade, ele vai vir de mansinho, meio tímido, perguntar as horas mais uma vez, eu vou dizer que esqueci meu celular em casa, meu relógio na cabeceira da cama, puxar um, dois assuntos. Acho que vai fazer frio, não? Convidar para um chocolate quente, e se o dia esquentar, um ice-chocottino-duplo-super-chantilly pra viagem, bem grande, dois canudos em copo único. Que filme será que ele prefere? Por via das dúvidas, vou deixar aquele romance bem doce de um lado, e o de serial killer do outro. Será que ele vai perguntar as horas de novo? Os horários vão coincidir? Ele vai estar de bom-humor? Será que ele está mesmo afim de mim? É ele meu futuro namorado. Ele? Sim, tenho certeza. Vai com calma. Eu estou indo, não vê que eu ainda nem fui vasculhar o facebook atrás dele? Tô calminho.

domingo, 1 de agosto de 2010

L.O.V.E - quatro letras fora de alcance.

Como diz Leoni, em uma de suas músicas, "Só enxergo o que eu não posso ter.". E é assim que está sendo este ano. Estou me vendo cada vez mais insignificante, cada vez menos interessante, cada vez menos eu. Venho me deparando com possibilidades, e mesmo sem criar nenhuma expectativa, dá tudo errado. Gostar de quem já gosta de outra pessoa, ou de alguém que não tem ninguém em mente, mas que não te acha atraente, ou ser amado por pessoas que não te interessam nenhum pouco. Os livros de auto-ajuda parecem com livros para cometer suicídio. Eu queria conseguir ser mais racional. Pensar mais, sentir menos. Viver mais, sonhar menos. Gostar mais, e amar menos, bem menos. Queria poder neutralizar qualquer partícula de mim que insiste em querer amar uma pessoa. Parece bonito pra quem vê de fora. "Olha como ele fala de amor, olha como ele é sentimental." Eu diria: Olha como ele é um merda, que insiste em querer algo que não é pra ele. Nem adiantaria em eu me entupir de atividades extras, de focar minha cabeça em tudo que for objetivo, porque, toda vez que eu deitar minha cabeça no travesseiro, toda essa merda vai vir à tona. Forte, e no outro dia mais forte ainda. Rasgando meus vasos sanguíneos, perfurando cada orgão, sem piedade nenhuma. Queria poder dá menos importância, conseguir ser menos fraco a ponto de conseguir deixar isso arquivado, em qualquer lugar, até que eu me esqueça que um dia eu já tive vontade de amar, de ter alguém para chamar de "nós". Motherfuckers, disse ele, e entupiu a boca seca de pílulas azuis, vermelhas, amarelas, bicolores, etc