quarta-feira, 3 de novembro de 2010

- Amor, acorda. {cutucou o outro com o cotovelo}
- O que foi? Você sabe que horas são?
- É que tem alguém andando em cima da casa.
- Não é ninguém, devem ser os gatos. Vai dormir!




          Eu estava lá parado diante uma rua vazia, quando um aglomerado de pessoas começou a se formar. Eu não sabia bem o que iria acontecer, e nem o motivo de estar ali. Olhei lá para o alto da ladeira, e comecei a avistar travestis e carros alegóricos. Que coisa louca, pensei. A avenida estava bem colorida, mas eu não sabia qual era a comemoração, ainda assim, entrei na festa e gritei como os outros. Os carros e travestis iam passando, até que avistei alguém entre os enfeitados. Ele estava de máscara, uma roupa discreta e uma garrafa de água na mão. Tudo parou por um milésimo de segundos. Ele era o único que se movimentava entre os demais, em câmera lenta, tipo filme mesmo. Ele fez sinal para que eu o acompanhasse pelo lado de fora. O encontrei no final da rua, e ele me perguntou se eu estava com sede. Respondi que sim, mas que alguém poderia me ver aceitando água de um estranho, eu era casado, e podiam interpretar aquilo de outra maneira, vocês sabem como os outros são. Recusei. Mas, a curiosidade foi maior que a sede e eu retirava a máscara dele enquanto ele aproximava o seu rosto do meu. Calma, eu disse. Retirei a máscara e antes mesmo que eu pudesse configurar o seu rosto na minha cabeça, ele já havia me beijado. Eu tinha vontade de afastá-lo, mas meus braços não se moviam. Quando a minha língua finalmente desencontrou da dele, começava a reconhecer aquele rosto

- Acho que eu fiz besteira. Caio? Você está me ouvindo?

          Passei minha mão esquerda pela cama e só me deparei com um punhado de travesseiros. Não havia barulho no forro da casa, não havia travestis, carros alegóricos, beijos e nem qualquer Caio. Outro sonho diluído na realidade {pensei}. E voltei a dormir.

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