sábado, 13 de novembro de 2010

Raparigas.


Se mulher eu tivesse nascido, provavelmente seria uma dessas raparigas bem safadas. Mentira. Seria frágil, de coração mole, salto alto e professora de língua portuguesa. O cabelo sem química, um pouco de pó no rosto pra disfarçar as imperfeições da pele. Aliás, quando vão criar um pó para disfarçar a dor interna? Enquanto isso, vamos fingindo, atuando. Não, não seria atriz. Esse negócio de aparecer em revistas, prender homens com o golpe da barriga e beijar vários homens em novelas não é pra mim. Talvez atriz pornô. Se é para trabalhar com o envolvimento corporal, que seja em todos os sentidos possíveis. Mas aí, provavelmente eu iria querer colocar silicone, plastificar a cara, mudar esse nariz de batata, dar um jeito nas pernas tortas, ih, ia ter que transar muito para pagar isso tudo, melhor esquecer. Poderia também casar com alguém rico, engravidar, criar um programa de televisão bem ruim e fazer "sucesso". Tanta gente ia falar mal de mim, que provavelmente eu iria virar referência, e quando alguém vira uma referência da vida de outras pessoas, o próximo passo é lançar um livro. "Morte e vida Severina", puta livro chato. Ah desculpa, você gosta do João Cabral, mas foi obrigado a ler o livro para o vestibular? No fim das contas eu seria uma safada mesmo, que iria da escola para casa, da casa para o trabalho, e do trabalho para o motel com qualquer motorista que estivesse passando por mim na hora. Afinal, raparigas só precisam mostrar um pouco das pernas, tossir o cérebro, e mostrar os peitos em um decote profundo para causar um impacto nos homens de hoje.

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