sábado, 15 de agosto de 2009

Minha vida é um prato cheio de histórias inacabadas, amores mal resolvidos, sem pontos finais. Apenas vírgulas ou reticências. As pessoas mudam e voltam a se encontrar, pelo menos assim espero. Depois de alguns transtornos, furacões, crescemos e conseguimos estar prontos para momentos que ainda estavámos engatinhando. Pouco a pouco você vai aprendendo o valor de uma conversa ao som dos motores de um ônibus. Pouco a pouco o que era pequeno, pode se tornar algum bem grande. Quanto mais subimos a corda, maior pode ser a queda, o que não significa que não valha a pena, pelo contrário. Há situações em que não podemos fazer nada, mas em outras dizer "deixa que o tempo ajeita" é querer se acomodar, é ter medo de se arriscar. Quando há uma chance de ser feliz, por menor que seja, devemos considerar. Medo. Medo nós temos de coisas ruins, de lendas urbanas, de filmes de terror. Felicidade não é para ser temida, e sim vivida. Mesmo que com ela não venha só alegrias, de nada vai valer ficar na dúvida a vida inteira, devo ou não devo? Corra riscos, se machuque. Eu sei, cicatrizes nunca se fecham de verdade, e acho muito bom. Assim você não esquece o que aprendeu com cada rasteira alheia.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

E.G.O - O Egoísta mora ao lado.

Sei ser um ótimo ouvinte, e dependendo do grau de afinidade, até arrisco um conselho aqui, outro ali. Mas quando eu percebo que a outra pessoa, pouco se importa para os meus problemas, o jogo muda. Eu não ando do lado de pessoas egoístas.Dessas que só se preocupam com a sua própria vida, e quando parece que vai tudo por água a baixo, correm atrás de alguém que possa ajudar a tampar os buracos na parede, antes que a casa fique inundada. Quando o sol aparece, e agora o jogo inverte, ela simplesmente te observa do lado de fora, enquanto você lentamente morre afogado. Não sou mais um adolescente, mas se fosse antes eu me vingaria. Hoje eu apenas ignoro. Se a pessoa não colocar a mão na consciência e cair na real, o azar não será meu. Quem vai continuar agindo como um ser desprezível será você e não eu. Algumas pessoas ainda valem a pena, tentar mostrá-las no espelho que aquilo é uma máscara, e que ela deve se desfazer dela o quanto antes. Outras eu apenas observo. Deixo que caiam nas armadilhas que elas próprias criaram, deixo que elas aprendam por si mesmas. Todo mundo precisa de uma segunda chance, embora algumas pessoas morram sem conseguir achar o tal equilíbrio. Com o passar do tempo eu vou ficando mais sensível. Ao toque, ao cheiro. Apenas uma frase, uma ação, e toda uma personalidade pode ser feita com um pouco de precisão. Eu mentiria se dissesse que posso identificar um egoísta a dois metros de distância, mas algumas horas de convivência são o bastante. Pessoas assim costumam ser péssimas ouvintes, péssimas conselheiras, e até péssimas amigas. Falou, desabafou e seu "amigo" não te ouviu? Infelizmente, você acabou de se deparar com um egoísta. Se afaste o quanto antes, ele não tem nada do que você precise, não irá acrescentar em nada sua vida. Não procure aprender a ser falso, não arrume desculpas para continuar perto de alguém assim.

eu lembro

muito bem de tudo. de como te conheci, do nosso primeiro beijo, da nossa primeira vez juntos, das promessas futuras, que estariam se realizando agora, ou daqui há um mês quem sabe. eu sei, faz mais de um ano que eu disse "eu não te amo mais" e tudo se acabou. embora você tenha tentado reatar os nós, por meses a fio, me dizendo ao pé do ouvido que eu tinha errado, eu não dei o braço a torcer. E não foi por capricho.. seria pior iludir, mentir, fingir sentir algo que não existia, concorda? Mesmo com tanta rejeição, você ainda insistia em me amar, e parecia que não ia ter fim. Eu desejei muito que você parasse de se machucar, até que você me ouviu e seguiu sua vida. Eu não me sentia bem fazendo mal à alguém, por outro lado, era bom saber que alguém gostava de mim de verdade, assim a esperança de que alguém também pudesse vir a sentir o mesmo por mim permanecia ali, sendo cultivada, regada todo santo dia quando eu acordava. Hoje eu já não sei mais, se alguém por aí dá tanta importância ao amor como eu.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

ferir

sempre é mais fácil. e por mais que todos saibam que os melhores caminhos são aqueles que aparentam ser impossíveis, as pessoas têm preguiça. a facilidade sempre foi mais sugestiva. embora o sabor da vitória depois de enfrentar um caminho doloroso, seja bem mais delicioso. aqui e agora. é isso que todos querem. muitas vezes sem qualquer busca, sem mover qualquer pauzinho que seja. apenas permanecem sentados em suas poltronas confortáveis, à espera de que o bem desejado bate três, quatro vezes na sua porta. voltando ao iníco.. ferir é sempre mais fácil. as palavras quando querem agredir, conseguem saltar mais rapidamente para fora do coração. atingindo uma.. duas pessoas, ou mais. passa a raiva, vem a ternura. a desculpa, o arrependimento. mas ninguém esquece. a verdade é que um machucado permanece sempre ali, mesmo quando se torna invísivel aos olhos. às vezes é em forma de música. uma que tocava sempre que os dois estavam juntos. e mesmo que nos próximos casos tentemos não adquirir lembranças, ninguém pode fugir disso, é inevitável. uma recordação só precisa de um momento para ser formulada. não necessita de uma música na hora do beijo. de trilha sonora. apenas de um acontecimento qualquer. naquele dia. naquela hora. a desculpa é aceita da boca pra fora. voltam os beijos. afagos. e novamente a solidão. deu tudo errado, deu tudo errado, grita aos berros, como se a culpa fosse toda dele. não era para ser, todos dizem a mesma coisa no seu ouvido. dia após dia. uma hora vai acontecer, espere e verá, embeleze seu jardim e o amor virá, é tanto clichê que ao invés de ajudar, piora a situação. é tanta filosofia, psicologia barata tentando acalmar um coração que chega a fazer com que sangre ainda mais. essa minha cara séria não quer dizer nada. odeio, as pessoas só conseguem enxergar aquilo que estão ali na sua frente. olhe por trás. além da pele. da carne. isso, este sou eu. se não consegues ver nada além da pele, me desculpa.. tanto tempo sangrando, tentando estancar a ferida.. que acabei não percebendo que estava secando.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

toda noite

antes de fechar a janela do meu quarto, compactar todo o ar gelado que prega nas paredes, eu dou uma piscadinha para lua.. como quem diz assim baixinho.. "cuida bem daquela pessoa, mesmo que eu ainda não saiba o nome da dita cuja." Eu acho que ela entende, entende porque sabe o nome da dita cuja, mas insiste em fazer suspense, ela sabe que eu gosto de surpresas no dia seguinte.

domingo, 2 de agosto de 2009

é como se

eu vivesse constantemente em uma novela de drama. drama, só drama. quando não está no ar, eu consigo rir um pouco, pouco não, bastante. uma gargalhada de felicidade, sabe como é? daquelas bem sinceras, sem fingimento ou falsidade. chega a chamar atenção, tamanho é o som que faço quando dou aquela gargalhada gostosa, que depois eu olho em volta e percebo que ninguém se importa, e nem eu mesmo. não quero saber se os incomodo. embora a felicidade do outro sempre incomode outro alguém. não é verdade? eu sei que é. às vezes eu mesmo acho a felicidade de alguém bem chata. tipo aquela criança que diz a primeira palavra, e logo, todos fazem uma grande roda em volta dela, embora eu fique no canto sem achar a mínima necessidade para tanto alvoroço. acho isso bem feio da minha parte, mas eu te disse, estou sendo sincero, verdadeiro. fico tão triste que não consigo enxergar beleza em casais felizes distribuindo sorrisos. sinto inveja disso aí. mas não, não pense que quero um ou outro para mim, a inveja é desse amor, dessa felicidade incrível que eu sinto daqui, há mais de trinta metros de distância. queria ter pra mim também, embora eu não saiba se eu devo, se eu posso. não sei se já aprendi, estou prendado, pronto, posso casar. mas como irei aprender, se voluntários não aparecem? na verdade, existiram algumas pessoas. metade delas me amaram tanto, que eu senti medo. a outra metade delas nem sequer me ligaram no dia seguinte. diz pra mim, cá entre nós, eu sou muito chato né? não é de propósito que as vezes eu seja um pouco arrogante. um pouco mal-humorado. um pouco de tudo que é ruim. mas sei ser bom. eu sei fazer rir. e talvez possa abrir o meu báu pra você, ler todos os contos, se tiver um tempinho para ouvir.. não te garanto histórias mirabolantes, mas tudo que sair da minha boca será verdade, fatos verídicos. aí eu fico sem me entender direito, porque uma hora eu grito que quero continuar assim, na outra eu sinto falta de alguém que nem sei se existe ou vai existir. talvez sejam as coisas, é.. a culpa são dessas malditas coisas. um objeto que vemos e nos lembramos.. um banco na praça.. uma loja.. até o cheirinho de chiclete mascado é capaz de trazer à tona a puta da saudade. quer saber, cansei de ficar aqui olhando esse casal feliz.. essa nostalgia safada vai acabar matando os dois de falta de ar.