quarta-feira, 3 de novembro de 2010
da carta que não me levava a lugar algum.
ela era de pele branca. eu de pele negra. ele descia o morro. enquanto eu andava em carros luxuosos. ela mexia no cabelo com calma. eu escondia o meu com o boné. quase sempre rasgado. quase sempre largado. ela usava vestidos. eu preferia bermudas. embora um pouco curtas, bermudas. sentávamos na calçada. uma hora da madrugada. ela me contava sobre o seu dia. eu fingia que ouvia. fingia que entendia. bebia alguns goles de vinho barato. acendia um cigarro e sorria. eu estava meio desinteressado, mas ela nem percebera. ela estava se despedindo, e eu pedia para ela ficar mais um pouco. ela saiu correndo, dizendo que me ligaria mais tarde. ela fingia que me amava. e eu me deixava ser amado, mesmo sabendo que ela tinha namorado.
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