sábado, 6 de novembro de 2010

e lá estava ela, trocando olhares com o homem da livraria. ver o anel na mão do rapaz não era suficiente. ela não se importava. perguntava quanto custava esse, outro livro, só para poder começar qualquer assunto com o moço. ela não se dava ao respeito, e nem ele. quarenta minutos depois, lá estavam eles, improvisando entre caixas e mais caixas no almoxarifado. uma mão aqui, outra ali, alguns gritos abafados pela parede maciça. um roçar de línguas experientes na traição. mais vinte minutos e os dois estariam no balcão, como se nada tivesse acontecido.

- Você ficou com o cara da livraria? Sério?
- Sim.
- A que preço?
- Eu precisava saber se o que eu sentia pelo Carlos era sério, ou não.
- E chegou a alguma conclusão?
- Cheguei. Eu vou me casar com ele.
- E precisava traí-lo para ter certeza disso?
- Eu tentei da maneira fácil, e não cheguei a resposta nenhuma. Então, achei que se eu ficasse com outro cara, eu saberia se com Carlos era só atração física, ou não. Entende?
- Mais ou menos.
- Olha... acredite, seria pior se eu tivesse me casado com todas essas dúvidas, e daqui um mês pedisse o divórcio.
- Não, eu acho que o pior mesmo, vai ser você conviver com a confiança do seu marido, sem ele saber que você casou já tendo quebrado uma das regras, antes mesmo do casamento acontecer.

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