segunda-feira, 15 de novembro de 2010
O que vem depois?
Não estou certo do que quero amanhã. Se devo me aventurar entre os panos vermelhos, as músicas alegres ou aqueles que sofrem de obesidade mórbida. O que vem depois da desgraça, dos dias em que você brinca com objetos cortantes e chora no canto do banheiro, tentando descobrir quem foi, ou o motivo de você se sentir tão inútil? Você não sabe, nunca sabe de nada. É sempre um conselho qualquer, vai vivendo que depois tudo melhora. Já fazem dois anos que o mesmo sentimento de desfalecimento percorre pelas minhas veias, e nada melhorou. Essa sua teoria não faz sentido algum - nunca fez - pra mim. O que é que você sabe de se sentir deprimido, não é mesmo? Logo você, que sempre viveu romance após romance, tragédias, felicidades, tudo assim, se alternando constantemente, sem parar, como se fosse uma montanha-russa de sentimentos, que não param de mudar, até que resolve tropeçar em romance de novo, e aí está você: apaixonado, criativo, vivendo de emoção e jantares no fim de semana. O que é que você sabe sobre monotonia, não é mesmo? É um corre-corre, faculdade, namoro, brigas familiares, problemas alheios, compras no supermercado, vai em casa, arruma as coisas na geladeira, volta pra faculdade, encontra o namorado na esquina, te esperando, alguns amassos dentro do carro, faça-me o favor, você não sabe nada de viver entre a casa e o trabalho. Alguns passo até a escrivaninha, encher um copo de vodka e voltar para o quarto. Devorar filmes, livros, qualquer coisa com um mínimo de cultura, pra que mesmo? Nada, imagino. Tanta cultura assim ainda vai levar meu cérebro a morte. Por que querer ser tão culto, saber de tantas coisas, se quando saio de casa a conversa é sobre números e novidades do mundo da música pop. Deve ser esse humor ácido que atrai tanta gente sem fins emocionalmente lucrativos. O que vem depois de tanta nuvem negra, chuva de cacos de vidro e trovões quase-que-acertando o centro do meu peito? Nada, imagino. Talvez eu esteja destinado a viver nessa montanha-russa que não anda nunca, que fica ali no ponto de partida, sem impulso, sem coragem, sem um pingo de força para subir a rampa.
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