segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Falar ou calar?

Nunca soube descrevê-lo facilmente. Cabelo curto não tão preto, um corpo não tão atlético, mas o sorriso... ah, esse era de pausar o tempo. O encontrei algumas vezes parado ao lado de algum bar, e era sempre a mesma conversa: olhares se encontrando, a boca mexendo devagar, ensaiava cumprimentá-lo, mas não passava disso... eram só ensaios e nenhuma palavra dita. Eu ficava em casa tentando imaginar como devia ser o som daquele riso quando instigado com uma piada cretina. Se ele iria atender as minhas necessidades, se me acharia agradável nos horários incovenientes, se eu seria de grande ajuda, ou se pioraria ainda mais a sua vida. Mas, não passava disso, imaginação explorando os quatro cantos do seu corpo, mas não... nem chegou a acontecer de fato. O máximo que chegamos a estar perto, foi quando sentamos em mesas próximas. Eu tentava ouvir a sua voz, mas a música alta não deixava. Eu queria ir lá, dizer meu nome, mas os meus pés travavam, não saíam do lugar, não me obedeciam. Pensei em acenar, mas minhas mãos estavam suando, iria sair um sorriso amarelo, e com certeza não iria passar aquilo que eu gostaria, ficaria uma coisa tímida seguida de uma coisa pálida, é... que bom que permaneci apenas olhando. Eu lia nas entrelinhas, e éramos tão parecidos, com dores tão iguais que pareciam se completar, e até deveriam... mas eu não sabia se ele estava disposto a me deixar ver as feridas, e muito menos, se as deixaria aos meus cuidados. Eu queria... queria dizer que ele me chamava atenção, e não era só o seu sorriso, ou o seu cabelo, ou a sua fotogenia em fotos... era todo o resto, todo o resto que eu não conhecia, mas morria de curiosidade em conhecer, cada particularidade daquele braço, daquela perna, daqueles olhos um pouco cansados, daquelas mãos... mas, não tenho coragem suficiente, nunca tive, e provavelmente, nunca irei ter. Acho melhor deixar assim, sempre que eu tento ser sincero, acabo piorando ainda mais a minha situação. E ele? Bem... talvez ainda tenha que lidar com outras pessoas antes de vir me procurar.

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