domingo, 13 de setembro de 2009
última sessão.
Dois, três, quatro copos de vinho, e despejou o resto do líquido na pia da cozinha. Estava cansado de beber, de chorar, de andar em círculos pela sala de estar. O telefone não tocava, a caixa de entrada do email permanecia vazia, a angústia subia, queimava o seu estômago, mas não era azia ou má digestão, não era doença ou qualquer coisa parecida. Perdia a fome, perdia o riso, andava em círculos, continua andando, colocava a mão atrás da cabeça, tentava puxar uma solução pelo fio de cabelo, não vinha nada, não surgia nada. Pensava em beber de novo, voltava atrás. Pensava em beber mais uma vez, era fraco, cedia, cedeu, e bebeu então. Dois, três, quatro copos de vinho, e despejou o resto do líquido na pia da cozinha. Colocava as garrafas vazias com cuidado no chão, cambaleava, eu e as benditas garrafas caímos juntos. Eu ria, mas depois chorava compulsivamente. Quero te ouvir telefone, – dessa vez prometo não tapar ouvidos por conta do seu enorme barulho me chamando – eu suplicava. Olhava pela janela, a água escorria pela vidraça, nenhum carro estacionando, nada de faróis, nada de chave na porta, toc toc toc, nada, simplesmente nada. Relia as cartas, embrulhava e desembrulhava os presentes como se fosse a primeira vez que os abria na vida. Relembrava na memória, os momentos, as inúmeras brigas, as inúmeras juras de amor. Sentava na beira da cama, e chorava mais um bocado, talvez fosse desabar que nem o céu lá fora. Custava a entender que a morte tinha a levado para sempre, custava a entender que nunca mais ouviria seu nome ser chamado por aquela boca. Custou tanto que logo adormeceu também.
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