sábado, 12 de setembro de 2009

corpo sem alma.

Sonso, maquiavélico, o veneno escorria pela boca. Do quinto andar, ele podia ver as pessoas passarem, algumas felizes, outras empurravam suas vidinhas com a barriga. Podia ler os sentimentos alheios nas expressões faciais, pelo menos era o que ele dizia. Vezenquando descia as escadas do prédio, e ia tomar qualquer coisa no bar da esquina, e mais uma vez observava as pessoas. Muitas bebiam para esquecer os problemas que tinham em suas casas, outros por diversão, e mais um bocado porque tinham perdido o emprego, ou porque odiavam o trabalho que exerciam. Passava os dias assim, observando as pessoas, suas ações, expressões, e ao cair da noite, lua cheia, minguante – seja lá qual for – lá no infinito céu, pousava sua cabeça em seu travesseiro macio e dormia. Levantou-se um pouco cedo, decidiu se observar no espelho, tarde demais... tudo havia sumido, suas expressões, sua beleza, seu olhar. Se perguntou diversas vezes quem teria o roubado de si mesmo, acreditou que havia sido alguém, mas na verdade, passou tanto tempo olhando os demais, que acabou se esquecendo de si mesmo. Corpo sem alma, diziam as outras pessoas.

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