sábado, 2 de outubro de 2010

Ruínas.

Ainda que eu tente sorrir, tudo sempre acaba assim: em ruínas. Eu me pego sorrindo por todas as partes, e assim que os remédios deixam de fazer efeito, eu começo a falar sozinho. Esbravejo, peço, rezo, procuro por respostas, dou com a cara no muro, me olho no espelho, outro murro, tudo sangrando, mãos, peito, coração. Cuspo minhas tripas no chão. Ruínas, é tudo que há dentro de mim agora. Demorei tanto tempo modelando meus sentimentos, e agora eles estão voando, embaralhados em algum lugar do meu inconsciente. E não é culpa de ninguém, nem de mim mesmo. Em quem devo desferir um tiro? Meu coração virou giz de cera, cor de cinza, como se estivesse vivendo em meio a fumaça, no escuro. Não sei uma maneira de consertar ou quanto custa, se há vida que se renove aqui dentro, se há um jeito de expelir esse mal que corta, faca pontiaguda, infinidade de cacos de vidro roçando além da epiderme. Eu não encontro uma maneira de ser um pouco feliz, além desses remédios, que me visitam vezenquando. Um dia desses, ainda vou morrer a caminho da farmácia.

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