terça-feira, 5 de outubro de 2010

As pequenas coisas.

Acordei bem cedo hoje, e estava de bom humor. Não diria que acordei sorrindo, mas também não estava com aquela vontade de voltar pra cama o mais rápido possível. Isso é raro, mas eu deveria sentir isso mais vezes. Planejei minha manhã no papel, e por mais que eu detalhasse tudo que eu iria fazer, eu tinha certeza que nada ocorreria exatamente igual. Desci no centro da cidade, de onde segui sozinho até o local onde eu iria fazer meu cartão de passe escolar. É mais prático, mesmo que eu odeie andar de ônibus. E não odeio pelo fato de que a passagem é cara, ou a super lotação, odeio pelo fato de que os ônibus estão em total desarmonia com os meus interesses, ou seja, os ônibus são velhos e mal preparados para encarar a vida social. Estranho, tratei objetos como seres humanos agora, releve. O que eu quis dizer foi... bem, você entendeu. Lá, uma moça me atendeu, e começou a me contar da filha que estava cursando Direito, e iria fazer a prova da OAB. Não me pergunte como a conversa surgiu, ela é daquele tipo de pessoa que puxa conversa com você, sem medo de que você possa dizer "ei, te conheço?" ou "estou atrasado, me polpe do seu blá blá blá". Eu estava no meu melhor dia, e fiquei lá ouvindo a história daquela mulher que só queria contar a novidade para alguém. Uma filha esforçada, se matando de estudar, o seu orgulho, e tudo mais. Não sei se conseguiria contar algo de mim assim, a algum estranho que aparecesse na minha frente, quem sabe um dia eu tente. Ela é espontânea, eu queria ser assim também, vou colocar isso na minha lista de personalidades a engolir com água depois do almoço. Me despedi, coloquei os fones de ouvido, dei play e tocava Britney Spears. Não me pergunte o quão gay é ouvir Britney, e estar com aquelas sandálias no pé. Esqueci o nome dessa bendita sandália, mas é uma de estilo bem característico, daquele tipo que diz "oi, sou gay" quando na verdade diz "oi, tenho estilo." As pessoas confundem tudo... recalque, recalque.  Subia e descia das calçadas, sem me importar se alguém me via naquele momento, e acredite, havia tantos carros e pessoas nas ruas, que eu não devo ter passado despercebido. Entre alguns agudos com minha voz barítona e outras topadas na rua, cheguei ao supermercado. Peguei minha fatura, e descobri que conseguiria pagar todas as contas este mês. Que felicidade, meu nome nunca, nunca vai sambar no SPC. Tá amarrado três vezes. Voltei cantando Stronger, me sentido o solteirão mais feliz e forte do mundo. Observei as pessoas, avistei alguns caras bonitos, tentei jogar um charme, mas abortei a missão, porque charme é algo que eu não tenho tido tempo para aperfeiçoar, se é que há como fazer isso. Comprei um milkshake de capuccino, e nem me arrependi depois de ter degustado todas aquelas colorias em um copo de 500ml. Se for doce, eu só compro se for muito, porque eu sou viciado, e se eu vou contra meus vícios, querido, dou murro em mim mesmo quando chegar em casa. Quase vim andando pra casa, mas o sol atrapalharia minha felicidade repentina, provavelmente queimaria todinha em alguns segundos. Fiz um passeio de ônibus me sentindo bem, como se tivesse a felicidade nas minhas mãos, toda comprimida dentro do meu coraçãozinho. CO-RA-ÇÃO-ZI-NHO, mais gay que ouvir Britney.  Ainda que tenhamos que fazer coisas chatas, como pagamentos de contas, acredite, mesmo doendo no bolso quando o dinheiro sai, se feito com bom humor te remete a uma felicidade de dever cumprido, de manhã não desperdiçada em horas de sono. Agora sai dessa cama, que dormir demais engorda.

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