sexta-feira, 30 de julho de 2010

Faça-me o favor de arrumar tudo quando sair de casa. Não esqueça dessas fotos, que tiramos na viagem para a Bulgária, viagem essa que você dizia que me amava e blá blá blá, que queria ficar pra sempre comigo e blá blá blá. O seu cachecol, você pode deixar aí onde está, porque lhe dei de presente naquele sábado gelado, mas era pra você estar comigo, e não rodando pela cidade feito um louco, atrás de vodka austríaca. Quero que fique comigo, não porque sou egoísta, e também não pense que é para eu me lembrar de você, nada disso, tire isso da sua cabecinha, vá tirando. Não lhe devo satisfação, e pronto. Vou acabar com aquela sala que você usava para se exercitar, e mande logo um caminhão, um carro, qualquer coisa que caiba todas as suas tralhas, aparelhos de fitness e tudo mais. Eu que tanto gostei de ficar vendo você correr, de levar toalhas secas para você se enxugar... hoje eu tenho vontade de apagar essas coisas da minha memória, você sabe muito bem por que. Porra, você tinha mesmo que pegar todos esses dez anos juntos e jogar pela janela do apartamento? Custava me dar uma aviso prévio? E vá logo sabendo, que de alguma forma eu vou ser ressarcido. Vai pagar um psicólogo, ou qualquer merda parecida, porque, provavelmente, eu nunca mais vou conseguir sentir isso por alguém de novo. Onde minha vida vai parar agora, você consegue imaginar? Eu não, não faço a mínima a idéia. Desculpa eu estar gritando, e chorando, e me desesperando dessa forma, mas pode trancar a porta por favor e jogar a chave fora? Faça-me o favor de me amar de novo, você sabe que consegue. Algo aí dentro ainda me pertence, eu não quero herdar um monte de memória, um monte de fotos, ficar vivendo de lembranças, isso não é vida. Vem cá, deixa eu fazer aquele carinho que você gosta, você nem tocou no café que eu preparei, especialmente pra hoje. Aliás, você deve ter esquecido que dia hoje, não é? Nós vamos ser papais.

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