segunda-feira, 5 de abril de 2010
tarde demais.
e debaixo de todo aquele pó, batia fraco um coração, quase parado. e mesmo com todos aqueles sinais indicando uma despedida, ele preferiu seguir um instinto, que não sabia se era correto, e nem de onde vinha. pois bem, esperou durante horas, e nada daquele avião pousar. o telefone não parava na mão. bolso. mão. banco. pronto, desligado. ligue, e vá direto até a caixa postal. para lá, para cá, e nada da moça anunciar o próximo desembarque. até que cansou. mas não, não se foi. sentou no chão, sujo como a sola de seus sapatos, não ligou, e se escorou em uma coluna qualquer. revirou na mente os textos que tinha preparado. os ensaios. e até os escorregões, visando uma possível participação especial do seu lado engraçado. e riu sozinho. besta. burro. otário. e riu sozinho de si mesmo. e ouviu a moça anunciar, mas não entendeu direito. de qualquer forma, seguiu até a porta onde sairiam os próximos passageiros. esperou alguns segundos. tentou reconhecer alguns rostos. não. não. não é você. até que ele reconheceu, no meio de alguns borrões, um par de olhos escuros, e uma boca atraente. era ele. e então terminaram a noite conversando no parque sobre o porque das folhas caírem. o motivo do aquecimento global. desmatamento. H1N1 e gases poluentes. algumas chamadas não atendidas no celular. o vôo tinha atrasado. tarde demais.
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